Arbitragem de criptomoedas: o que você precisa saber para negociar e ganhar dinheiro

Para quem está sendo apresentado ao mundo das criptomoedas, tudo gera desconfiança. Desde que os gregos passaram a cunhar moedas no século 7º antes de Cristo, a humanidade se acostumou com a presença de intermediários na transferência de valores entre pessoas, empresas e governos. Com esse costume quase inscrito em nosso DNA, algumas perguntas soam naturais a respeito dessa nova modalidade de negociação. Qual é o Banco Central que controla a emissão dessas moedas? Onde fica depositado e quem cuida do lastro que garante o valor delas? Que instituição financeira vai restituir transferências que eu não reconheço?

A resposta para as perguntas acima é ninguém e todo mundo ao mesmo tempo. O sistema foi criado justamente para acabar com os intermediários e poderes centralizados na organização da transferência de valores entre partes. Assim, todos os participantes do mercado são responsáveis, em maior ou menor medida, pelo controle, acompanhamento e valorização das criptomoedas.

Por ser descentralizado, esse mercado está livre de canetadas de governantes ou medidas de bancos centrais. Por outro lado, a falta desses agentes pode gerar dúvidas quanto à segurança do sistema.

Mesmo não sendo 100% blindado contra a ação de criminosos digitais, o comércio de criptomoedas chega aos dias de hoje seguro e robusto. Isso graças a uma tecnologia chamada blockchain. Trata-se uma espécie de livro-caixa, global e inviolável, que registra todas as transações e pode ser acessado por qualquer participante da rede.

Essa segurança não significa tranquilidade na hora de acompanhar os investimentos. Estamos falando de uma modalidade de alto risco. Para ter uma ideia, a primeira moeda virtual lançada em 2008, o Bitcoin, valia US$ 998 em janeiro de 2017. Em dezembro do mesmo ano, chegou ao seu maior valor em toda a história: US$ 19.666. Dois meses depois, despencou para US$ 5.920. Na semana passada, bateu no patamar dos US$ 6.400. Quem apostou em Bitcoin em janeiro deste ano, acumulou um ganho de mais de 70% até maio.

Se você tiver sangue frio para enfrentar essas montanhas-russas, muita disposição para se informar e paciência para vasculhar planilhas, são ótimas as possibilidades de se dar bem nesse mercado. Para ampliar as suas chances, confira abaixo as respostas de especialistas para as principais questões feitas por quem começa a investir em criptomoedas.

O que são e de onde vêm os bitcoins e as outras criptomoedas (ou altcoins)?

Sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, um programador – ou um grupo deles – lançou em 2008 o protocolo do Bitcoin, a criptomoeda mais aceita no mundo hoje. Com base nesse protocolo, é estabelecida a quantidade de moeda disponível no mercado, a criptologia para proteger as transações e o registro de tudo com a tecnologia blockchain.

Para garantir sua integridade, o sistema conta com uma rede de mineradores, usuários do sistema que usam seus próprios computadores (com altíssima capacidade de processamento) para validar, organizar a fila e inserir todas as transações no blockchain. Eles são recompensados pelo trabalho, pois da honestidade e dedicação deles deriva boa parte do valor da criptomoeda. Do surgimento do Bitcoin para cá, mais de 2.000 criptoativos foram criados em todo o mundo, a maioria deles seguindo o protocolo criado em 2008.

O que é a arbitragem de criptomoedas?

Basicamente é comprar o criptoativo de uma exchange (espécie de corretora) que apresente uma cotação mais baixa e vender para uma outra que esteja pagando mais. Descontando-se eventuais taxas e comissões, por vezes é possível obter um lucro quase imediato com esse tipo de transação.

Dá para executar as operações sozinho, mas especialistas recomendam, principalmente aos iniciantes, investir por meio das exchanges. Isso porque elas facilitam depósitos e saques em dinheiro da vida real, transmissão de criptomoedas entre carteiras, registrar as operações no blockchain e ainda oferecer suporte, dicas de investimento e gráficos de desempenho.

Que critérios eu devo usar na hora de escolher uma exchange?

De acordo com especialistas, a primeira preocupação na escolha de uma exchange deve ser o suporte que ela oferece.

Isso porque vão aparecer muitas dúvidas. Uma boa exchange vai responder a todas as perguntas e orientar o iniciante. Sem esse tipo de apoio, quem entra no mercado pode sofrer desnecessariamente sem saber se a transação foi concluída ou o paradeiro do seu investimento, por exemplo.

Como geralmente as exchanges não cobram pela abertura de conta, o recomendável é fazer investimentos iniciais pequenos em duas delas e comparar o tipo de suporte oferecido. Só depois disso, o iniciante deve levar em consideração as taxas de depósito, transação e saque em reais.

Comprei criptomoeda num preço bom e tem exchange pagando mais. Devo fechar negócio?

Aí entra um pouco de matemática. É preciso calcular se a diferença de preço vai cobrir as taxas. Em geral, haverá cobranças para depósito, transferência para outra exchange e saques em reais. Se, depois desses descontos, a transação ainda for lucrativa, pode-se seguir em frente, embora especialistas recomendem investimentos de médio e longo prazos nesse mercado.

Para ter uma ideia de como funcionam essas taxas e comparar o que a sua exchange cobra com as das demais, existem boas ferramentas online.

Detesto pagar taxas. Tem como negociar criptomoedas sem recorrer a uma exchange?

Sim. É possível comprar e vender diretamente no site Local Bitcoins. Ele funciona num sistema parecido com o do site Mercado Livre. Após fazer o cadastro, preencher alguns formulários e enviar uma cópia da CNH, o investidor está apto a negociar.

Ao entrar na página, o usuário já encontra várias ofertas de venda. Se entrar com uma ordem de compra, as criptomoedas ficam retidas na plataforma até que o pagamento tenha sido confirmado. Só então as criptomoedas são liberadas para o comprador, e o dinheiro é depositado na conta do vendedor.

Vale o aviso de que é conveniente se aventurar nesse tipo de negociação somente depois de alguma experiência no mercado.

Quanto dinheiro é recomendável investir no começo?

Como é um investimento de risco, a regra geral é começar investindo um montante que não fará falta significativa no seu orçamento. Para os iniciantes, os especialistas recomendam investimentos entre R$ 100 e R$ 200. Ao acompanhar o desempenho da carteira e receber o suporte da exchange, o estreante já vai ter uma boa noção de como funciona o mercado e ganhar confiança para movimentos mais ousados no futuro.

Vale a pena repetir que é recomendável fazer pequenos investimentos em mais de uma exchange. Assim, além de comparar as diversas taxas cobradas por cada uma delas, é possível receber suportes diferentes e aprender mais em menos tempo.

Quais são os perigos envolvidos nas transações? Como me proteger?

Como se trata de um mercado novo, um dos cuidados deve ser a compreensão plena do que são as criptomoedas. Pense no seguinte: você está segurando uma carteira digital com essas moedas dentro.

Toda carteira vem com um número privado e público. O privado somente você pode ver. Já o público seria igual ao número de uma conta bancaria, por meio do qual as pessoas mandam ou recebem valores. Esse número é de acesso a todos.

“O privado é a segurança da carteira. Você não deixaria sua carteira cheia de dinheiro em uma praça pública ou não colocaria todos os números da sua conta e senhas online, certo? É a mesma coisa”, explica Rafael Narezzi, brasileiro naturalizado britânico, especialista em cibersegurança da 4CyberSec (consultoria de segurança digital) e organizador do Cyber Security Summit Brasil.

Para se proteger, o usuário pode buscar opções como Hybrid Wallet ou Hardware Wallets. A Hybrid possui autenticação através de hardware e software (versão paga). É como se fosse uma carteira que não esteja o tempo todo conectada online. Você consegue receber dinheiro mesmo com ela desligada porque o seu endereço quem controla é o blockchain. A opção do Hardware Wallets é segura, mas faz com que as coisas fiquem mais lentas.

Se algo der errado, onde e como é possível reclamar e encontrar ajuda?

Depende o tipo de incidente. Se alguém transferiu fundos, muito dificilmente eles podem ser recuperados. O blockchain não permite com que as transações sejam deletadas ou editadas. É um processo conhecido como ledger, uma vez saiu da sua carteira dificilmente volta, a não ser que o outro lado devolva espontaneamente.

Ou seja, caso o usuário decida fazer uma compra na internet, deve ter 100% de confiança no vendedor. Não existem garantias de bancos centrais ou governos. É um mercado sem regulamentação. Algumas exchanges fornecem salvaguardas como seguros. Ao optar por uma, não deixe de se informar a respeito das estratégias de segurança e quanto elas adicionam nos valores cobrados pelas transações.